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Influência pré-digital e o abismo geracional

Foto do escritor: Victor Matos SilvaVictor Matos Silva

Vivemos em um momento muito peculiar. Adultos têm dificuldade de compreender o comportamento e a percepção da nova geração, a linguagem utilizada para se comunicar, como se definem e o porquê de tudo isso. Essa grande incompreensão pode levar à julgamentos preconceituosos e parciais, dificultando qualquer conexão com a nova geração.


O resultado dessa evidente falha de comunicação é a grande quantidade de proibições ineficazes de acesso e uso dos benefícios que a Internet proporciona, o que, no final, acaba prejudicando o desenvolvimento das crianças. Essa situação é agravada por interrupções, dúvidas e desencontros de regras e acordos que chegam até elas. Este artigo explora a importância de compreender as diferentes realidades e estabelecer caminhos para melhorar a compreensão de diversas visões e perspectivas sobre o ambiente digital, com base no conhecimento técnico e científico.

Imagem do Freepik
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A visão das crianças e dos adolescentes


Uma pesquisa internacional de 2021 da Unicef mostra que a Internet é vista, pelos adolescentes, como uma ferramenta de inclusão, pertencimento e desenvolvimento de habilidades. Afinal, a nova geração cresceu cercada pela tecnologia e por ela interagem facilmente com amigos, estudam com diversos professores e se inserem em contextos que os satisfazem, que adiciona algo, na visão deles. Para eles, a tecnologia conecta realidades – o que de fato é verdade.


E ainda no campo da empatia, qual é a visão deles sobre os adultos?


  • Restrições sem explicações plausíveis são recorrentes, uma percepção de que muitas vezes, o que prevalece é a ignorância e o autoritarismo;

  • Tempo excessivo de tela é visto e relatado como “vício”, sem considerar a situação e o contexto em que as crianças e os adolescentes estão envolvidos;

  • Uma pesquisa de 2022 da Common Sense Media revelou que adultos passam em média 7 horas por dia online o que é visto como hipocrisia tecnológica e uma clara falta de autoridade por hierarquia ou mesmo meritocracia por parte dos pais.


A visão de desconexão da realidade, conflitos e incompreensões não são exageros, é a vida como levamos hoje. Por esse motivo precisamos mudar. As crianças e os adolescentes buscam compreensão, amizade, paciência, parcerias com diálogo respeitos, assim como os adultos. Quando sentem que os adultos ignoram suas perspectivas, tendem a se afastar emocionalmente. O respeito deve ser mútuo, com certeza, contudo o exemplo começa com a educação parental.


A consequência pode ser irreversível


Sabemos que o uso excessivo e inadequado da Internet são aspectos preocupantes e que precisa de atenção imediata, porém, a ausência de comunicação e estudo profundo sobre o assunto, além da falta de união e colaboração entre cientistas, empresas de tecnologia, pais, educadores e profissionais das áreas da saúde, segurança, entre outras só agrava o problema.

A máxima da proibição pode ser um primeiro passo, mas funciona a médio e longo prazo? Devemos nos questionar se, com a urgência vamos:


  • Atrasar a educação digital o que pode levar a um retrocesso no avanço da cidadania digital responsável e segura.

  • Criar relações conflituosas e distanciar mais ainda, pais e filhos

  • Aumentar a exclusão social interferindo no processo da busca pelo pertencimento, já que hoje, o meio digital faz parte da interação social.

  • Fomentar o sentimento de punição desmedida, dado que proibições são aplicadas apenas às crianças e aos adolescentes, nunca com adultos.


Ações que já podemos colocar em prática?


  • Reiniciar o diálogo respeitoso com crianças e adolescentes

  • Exigir que as escolas se especializem no assunto e incluam a temática da segurança digital no curriculum – o que já é uma exigência nacional considerando a BNCC da Computação

  • Usar controle parental em casa, nos aparelhos eletrônicos. A tecnologia pode ajudar e muito nessa jornada.

  • Participar e acompanhar os debates relevantes, evitando sensacionalismos, nem tudo precisa ser explorado e muitas vezes nem faz sentido para o contexto em que você vive. Sensacionalismo é marketing, fuja e deixe de seguir!


Lembre-se, antes de aplicar julgamentos ou restrições desmedidas, é fundamental que os adultos se coloquem no lugar das crianças e adolescentes e busquem entender suas realidades. O caminho certamente é a educação, a regulação responsável e a honesta abertura para o diálogo.


Saiba mais no Instituto Teckids, uma organização da sociedade civil que desenvolve ações de educação e projetos de inovação voltados à Proteção das Crianças e dos Adolescentes no Ambiente Digital.


Fica aqui o website e Instagram e LinkedIn: www.teckids.com.br e @teckidsbr. Até lá!

 
 
 

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