Por que capacitar Educadores em Segurança Digital é fundamental?
- Karina Queiroz

- 4 de nov.
- 3 min de leitura
A principal referência de sociedade para as crianças é o educador. Independentemente da idade, essa figura representa alguém que interage todos os dias com modos de linguagem diferentes, experiências, culturas, estrutura familiares, histórias de vida.
O exemplo de vida que foge do senso comum da família, onde pais, avós compartilham convicções e experiências que inicialmente é só o que a criança conhece. É um agente responsável por apresentar o mundo à criança, impulsionar seu desenvolvimento integral, ajudá-lo a compreender como tudo funciona de fato, com observação atenta, empatia e consciência do impacto de ações e palavras.
Como afirmava o educador, referência mundial, Paulo Freire dizia: O educador é “um ser de intervenção no mundo” e, na sociedade digital, essa intervenção precisa incluir a leitura crítica das mídias, das tecnologias e das informações. Não basta transmitir conhecimento, é preciso ajudar a criança a interpretar o mundo digital, a reconhecer riscos, e a usar a tecnologia de forma ética, criativa e segura. O educador é, portanto, o novo espelho da sociedade, um agente de transformação e de proteção integral — emocional, cognitiva e digital.

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Observar o objeto, analisar o cenário e compreender o contexto em que as crianças atuais estão inseridas são passos essenciais, determinantes. Parece óbvio, mas educadores enfrentam grandes desafios de formação em letramento digital, midiático e de disciplinas muitas vezes nunca mencionadas em cursos de graduação ou especializações, como a segurança digital.
Nesse ambiente, a desinformação, as notícias falsas e a exposição digital tornam a compreensão do mundo mais complexa. Até mesmo o ato de brincar pode representar riscos, quando práticas aparentemente inofensivas se transformam em ameaças reais. Ser educador hoje é, mais do que nunca, exercer uma mediação crítica entre o universo digital e o humano, entre a curiosidade e a segurança. Por isso, entender o cenário de risco pode ser o primeiro passo para compreender a trajetória de aprendizado.
Quando o educador passa a observar os riscos, os conteúdos, os comportamentos e os contextos aos quais as crianças estão expostas, ele desperta para a necessidade vital de aprender continuamente. A segurança digital, nesse sentido, não é um fim, mas um ponto de partida, um exercício de olhar crítico que amplia a percepção sobre o mundo, sobre a própria prática pedagógica e sobre as vulnerabilidades humanas que se manifestam nas telas.
Na minha visão, é essencial que o processo de formação de educadores incorpore o olhar da proteção digital como competência transversal. Segurança digital vai muito além de controles tecnológicos, é uma disciplina que permeia todas as áreas da vida humana, e que amplia o olhar do professor, fortalecendo sua capacidade de compreender comportamentos, identificar vulnerabilidades e transformar o ambiente de aprendizagem em um espaço de confiança.
Um ponto de partida?
Formações de educadores devem necessariamente incluir disciplinas que promovam a autoproteção digital, a privacidade e segurança de dados, o pensamento crítico e a segurança informacional, a empatia e segurança nas interações, o equilíbrio e bem-estar digital e o uso consciente e seguro da tecnologia dado que são pilares fundamentais para a construção de uma geração digitalmente segura.
Educadores atualizados demonstram clareza e sintonia com as reais necessidades dos alunos. Quando há conhecimento sobre o mundo digital, sobre seus riscos e oportunidades, o processo educativo ganha fluidez, propósito e coerência. Normalizar a ausência de conhecimento por qualquer motivo é prejudicial para a educação geral. Consegue pensar no que é o resultado dessa expressão? “Não tenho ideia do que essa criança está falando!”
E é nesse alinhamento necessário que nasce o verdadeiro sucesso educacional, aquele que forma indivíduos conscientes, críticos e preparados para viver de forma segura e plena no mundo conectado, precisa estar à frente.



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